segunda-feira, 1 de outubro de 2012

E-mail - um novo gênero em sala de aula

Tal como as cartas e bilhetes, as mensagens trocadas via internet precisam ser exploradas em sala de aula. Além de analisar as características delas, é importante estimular os alunos a escrevê-las.

Noêmia Lopes

Atividade de escrita de e-mails com propósito real

Você pode até pensar que os alunos conhecem o mundo tecnológico mais que você e que ao apresentar o e-mail vai chover no molhado. Considere, porém, que nem sempre eles usam essa ferramenta da maneira mais adequada. A professora Camila de Almeida Loureiro Ribeiro descobriu exatamente isso ao conversar com os estudantes do 5º ano do Sesi de Petrópolis, em Petrópolis, a 65 quilômetros do Rio de Janeiro.

Para eles, as mensagens eletrônicas serviam apenas para se comunicar com os amigos da classe, de forma semelhante ao que é feito por meio das redes sociais. Ninguém soube apontar outros usos, como enviar uma solicitação aos gestores da escola ou se corresponder com parentes distantes. A turma foi então desafiada a explorar os diferentes propósitos desse tipo de comunicação, e Camila ressaltou que o tom do texto pode ser mais ou menos formal, a depender do destinatário escolhido.

Outra etapa importante do trabalho foi a comparação com gêneros semelhantes. Para iniciar a discussão, Camila questionou quais instrumentos de comunicação pedem que identifiquemos quem vai receber a mensagem. Rapidamente as crianças mencionaram as cartas e os bilhetes. A educadora pediu então que elas discorressem sobre as diferenças entre os três. Uma atitude relevante, segundo Leila da Silva, também assessora técnico-pedagógica do Ensino Fundamental e Médio da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. "Apesar de todos servirem para contar algo a alguém, opinar, sugerir ou lembrar, a delimitação do assunto e a agilidade de tempo de chegada ao destinatário são características distintas entre esses gêneros."

Depois de muita conversa e análise de bons exemplos, Camila instruiu os alunos a criar endereços pessoais e também ela abriu uma conta. Era chegada a hora de produzir. As crianças escreveram para os colegas e para a professora sobre diversos assuntos - tudo previamente combinado como tarefa de casa. Antes do início das férias de julho, ficou acertado com os estudantes que eles trocariam e-mails com ela sobre os dias longe da escola logo que voltassem às aulas (leia exemplos).

Durante a atividade, Camila reforçou a comparação com as cartas e os bilhetes, mencionando que o modo de apresentação da informação varia (no e-mail, por exemplo, é possível anexar elementos ao texto, como fotos e vídeos, e há um campo para explicitar o assunto que será abordado), bem como a estrutura (entre outras questões, além do destinatário principal, é possível incluir outros, em cópia ou em cópia oculta).

É claro que o relato sobre as férias pedido à criançada do Sesi de Petrópolis poderia ter sido feito oralmente. Mas, ao cuidar do contexto de produção, esclarecendo para quem os alunos escreveriam e com qual finalidade, a professora garantiu um propósito claro à atividade. Mais do que isso, assegurou o cumprimento de uma das funções sociais do e-mail: contar a um colega sobre um momento de lazer, passeio ou viagem.

É interessante considerar que explorar as mensagens eletrônicas pode ser uma boa oportunidade para estabelecer uma parceria com os profissionais da sala de informática. E isso não tem a ver simplesmente com programar a ida da turma até o ambiente. Na EMEF Jardim Mitsutani I - Jornalista Paulo Patarra, em São Paulo, o professor de Informática José Rosemberg fez um trabalho paralelo às aulas de Língua Portuguesa sobre a diferença entre os e-mails e as mensagens instantâneas. "Foi interessante instigar as crianças do 5º ano a pensar quando faz sentido usar abreviações, por exemplo. Elas concluíram que termos como vc (você) e tb (também) têm mais razão de ser quando empregados em mensagens rápidas. A leitura e as respostas são imediatas, o que pede agilidade na escrita. Já nos e-mails, elas não são tão necessárias", diz. Boa forma de refletir sobre essas novas formas de comunicação, sem desconsiderar a norma culta da língua.

Fonte:Revistaescola.abril.com.br/fundamental

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