E-mail - um novo gênero em sala de aula
Tal como as cartas e bilhetes, as mensagens trocadas
via internet precisam ser exploradas em sala de aula. Além de analisar
as características delas, é importante estimular os alunos a escrevê-las.
Atividade de escrita de e-mails com propósito real
Você pode até pensar que os alunos conhecem o mundo tecnológico mais que
você e que ao apresentar o e-mail vai chover no molhado. Considere,
porém, que nem sempre eles usam essa ferramenta da maneira mais
adequada. A professora Camila de Almeida Loureiro Ribeiro descobriu
exatamente isso ao conversar com os estudantes do 5º ano do Sesi de
Petrópolis, em Petrópolis, a 65 quilômetros do Rio de Janeiro.
Para eles, as mensagens eletrônicas serviam apenas para se comunicar com
os amigos da classe, de forma semelhante ao que é feito por meio das
redes sociais. Ninguém soube apontar outros usos, como enviar uma
solicitação aos gestores da escola ou se corresponder com parentes
distantes. A turma foi então desafiada a explorar os diferentes
propósitos desse tipo de comunicação, e Camila ressaltou que o tom do
texto pode ser mais ou menos formal, a depender do destinatário
escolhido.
Outra etapa importante do trabalho foi a comparação com gêneros
semelhantes. Para iniciar a discussão, Camila questionou quais
instrumentos de comunicação pedem que identifiquemos quem vai receber a
mensagem. Rapidamente as crianças mencionaram as cartas e os bilhetes. A
educadora pediu então que elas discorressem sobre as diferenças entre
os três. Uma atitude relevante, segundo Leila da Silva, também assessora
técnico-pedagógica do Ensino Fundamental e Médio da Secretaria
Municipal de Educação de São Paulo. "Apesar de todos servirem para
contar algo a alguém, opinar, sugerir ou lembrar, a delimitação do
assunto e a agilidade de tempo de chegada ao destinatário são
características distintas entre esses gêneros."
Depois de muita conversa e análise de bons exemplos, Camila instruiu os
alunos a criar endereços pessoais e também ela abriu uma conta. Era
chegada a hora de produzir. As crianças escreveram para os colegas e
para a professora sobre diversos assuntos - tudo previamente combinado
como tarefa de casa. Antes do início das férias de julho, ficou acertado
com os estudantes que eles trocariam e-mails com ela sobre os dias
longe da escola logo que voltassem às aulas (leia exemplos).
Durante a atividade, Camila reforçou a comparação com as cartas e os
bilhetes, mencionando que o modo de apresentação da informação varia (no
e-mail, por exemplo, é possível anexar elementos ao texto, como fotos e
vídeos, e há um campo para explicitar o assunto que será abordado), bem
como a estrutura (entre outras questões, além do destinatário
principal, é possível incluir outros, em cópia ou em cópia oculta).
É claro que o relato sobre as férias pedido à criançada do Sesi de
Petrópolis poderia ter sido feito oralmente. Mas, ao cuidar do contexto
de produção, esclarecendo para quem os alunos escreveriam e com qual
finalidade, a professora garantiu um propósito claro à atividade. Mais
do que isso, assegurou o cumprimento de uma das funções sociais do
e-mail: contar a um colega sobre um momento de lazer, passeio ou viagem.
É interessante considerar que explorar as mensagens eletrônicas pode ser
uma boa oportunidade para estabelecer uma parceria com os profissionais
da sala de informática. E isso não tem a ver simplesmente com programar
a ida da turma até o ambiente. Na EMEF Jardim Mitsutani I - Jornalista
Paulo Patarra, em São Paulo, o professor de Informática José Rosemberg
fez um trabalho paralelo às aulas de Língua Portuguesa sobre a diferença
entre os e-mails e as mensagens instantâneas. "Foi interessante
instigar as crianças do 5º ano a pensar quando faz sentido usar
abreviações, por exemplo. Elas concluíram que termos como vc (você) e tb
(também) têm mais razão de ser quando empregados em mensagens rápidas. A
leitura e as respostas são imediatas, o que pede agilidade na escrita.
Já nos e-mails, elas não são tão necessárias", diz. Boa forma de
refletir sobre essas novas formas de comunicação, sem desconsiderar a
norma culta da língua.
Fonte:Revistaescola.abril.com.br/fundamental
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